infinito de palavras

04/03/2009

Palavras são amigas, cúmplices,

matéria-prima.

Têm amplitude e alcance.

Fazem companhia

e nos levam sempre longe.

São cálidas, coloridas, vibrantes,

doces, suaves, possantes,

sussurros ou gritos,

afagos e suspiros.

Moldam-se como argila.

Dissolvem-se como

tinta de aquarela.

São tantas,

incontáveis,

infinitas.

 

Agora você encontra as conexões quânticas que está acostumado a ver aqui, além de poesia e prosa, dicas de redação, comentários, reflexões e muito mais no blog  infinito de palavras.

Estou me mudando para lá e espero continuar contando com a sua visita!anaparablog

Rejeição e a pena de si mesmo

21/02/2009
Rejeição doi...

"Coitadinho de mim", pensou Knut, "fui rejeitado por minha própria mãe!"

Ser rejeitado, qualquer que seja a circunstância, é um sentimento doído, que abala a confiança em si mesmo e põe por terra toda a autoestima construída com tanto esforço.

Não importa muito de onde vem a rejeição – família, empresa, colégio, grupo de amigos… -, o que importa é a dor sentida e a forma como lidamos com isso.

Toda essa imensa mágoa, no entanto, talvez pudesse  se resumir a uma questão de perspectiva. Quem é o observador?

Ao estudar o microcosmo dos elementos atômicos – componentes essenciais do tecido formador da realidade em que vivemos – os cientistas quânticos estranharam o comportamento das partículas – os microscópicos “pontos” de matéria que compõem a estrutura do átomo. Ao fazer experiências, observaram que as partículas podem se comportar simultaneamente como ondas.

Buscando detectar quando os elementos atômicos agiam como partículas e quando se comportavam como ondas, os estudiosos foram surpreendidos com a constatação de que só dependia deles obter um ou outro resultado.

Verificaram que a natureza do comportamento dos elementos atômicos se estabelecia pela expectativa expressa do observador. Onde se esperava encontrar partículas, lá estavam elas; onde se esperava encontrar ondas, também lá estavam elas.

Era como se o esperado se refletisse na experiência ou, explicado de outra maneira, não existiriam propriedades objetivas na realidade, independentes da mente do observador. A esse “fenômeno” foi dado o nome de “colapso da função de onda”.

Quem é o observador quando nos sentimos rejeitados? Nós ou o outro?

Será que estamos partindo do ponto de vista do que pensamos sobre nós ou do que supomos que o outro pense sobre nós? Há de fato uma rejeição ou simplesmente um “não estou nem aí”. Isso porque o outro – e somos o outro em muitas situações – tem mais com o que se preocupar, como suas próprias inseguranças e medos.

Knut, “nem aí” com a rejeição da mãe... E virou celebridade!

"Mas sou tão legal que acabei virando celebridade!"

Assim, será vantajoso dar ao outro – um ser humano tão cheio de incertezas quanto nós – esse tremendo poder? De decidir, avaliar, dar peso e forma ao nosso valor?

Cultivar a rejeição só parece ser vantajoso quando se transforma em justificativa para não olharmos para nós mesmos, em busca do nosso próprio valor. Mais fácil sentir pena de si mesmo.

“Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?”
em poema de Álvaro de Campos*
(*um dos heterônimos de Fernando Pessoa)

Aceitação e a poeira das estrelas

07/02/2009

 

O que não ficou e o que ainda não é... em nós

O que não ficou e o que ainda não é... em nós

Aceitar o que é. Nada mais difícil.

Pois o que é, em geral, não tem nada a ver com o que gostaríamos que fosse.

Voltamos ao passado, em busca da pessoa, pessoas ou situações que nos trouxeram a esta realidade de que não gostamos e que, por isso, não aceitamos.

Se ele/ela tivesse agido de outro modo comigo; se eu tivesse reagido de outra forma àquela situação; se eu tivesse me posicionado de um jeito diferente…

Talvez nos projetemos no futuro, em busca daquela realidade que gostaríamos de vivenciar hoje.

Quando eu tiver isto ou aquilo, poderei me posicionar como quero; quando tiver isto ou aquilo, tudo vai mudar; quando alcançar o que quero, as pessoas vão ver como sou de fato…

Enquanto vivemos no passado ou no futuro, o presente escorre por entre nossos dedos, desaproveitado. E nos sentimos tristes, desanimados, frustrados, infelizes.

Aceitar o que é tem a grande vantagem de nos dar base sólida para qualquer mudança que queiramos fazer em nós e em nossa vida.

Tudo o mais é poeira de estrelas.

Pensamento positivo e o lado escuro da força

23/01/2009

 

Enfrentar o "dark side" é preciso
Enfrentar o “dark side” é preciso

Pensamos…

E procuramos pensar de forma positiva, porque sabemos a força que o pensamento tem.

Mesmo assim, nada parece mudar ou muda muito pouco, quase como se arrastássemos um móvel de um lado para o outro, uma mudança mais estética do que fundamental.

Ficamos, então, um pouco decepcionados com essa história de pensamento positivo.

Por que não funciona comigo?, perguntamos.

Talvez estejamos nos esquecendo do lado escuro da força, o pensamento negativo, que parece ter vindo acionado desde quando nascemos ou que, por questões culturais e de história familiar, acaba por nos impregnar, de ponta a ponta.

É ele, o pensamento negativo, que, inconscientemente, limita nossa mudança. Queremos subir, mas ele nos puxa para baixo. Pensamos positivamente e com confiança, no nível consciente, mas a força do pensamento negativo, no inconsciente, age como um freio.

Uma forma de lidar com isso é a aceitação. Aceitar que seja assim. Quando aceitamos que o lado escuro da força existe e que age sobre nós, estimulamos os pensamentos negativos a virem à tona, ao nível consciente.

Ah, então eu quero isso, mas, na verdade, não me acho merecedor porque sempre agi “errado” neste aspecto, como poderia ser diferente agora?, refletimos.

Conhecer o pensamento negativo que limita nossos anseios é o primeiro passo para efetivamente “dissolvê-lo”. Aceitar que “erramos” é o segundo. O terceiro, e libertador passo, é perceber que qualquer que tenha sido nosso “erro” (ou, melhor do que erro, algo que fizemos e que não nos trouxe bons resultados), a possibilidade de repeti-lo está praticamente zerada, uma vez que nos tornamos conscientes dele. E consciência é tudo.

Nada melhor, portanto, do que fortalecer nossa consciência, pelo autoconhecimento; pela aceitação do que efetivamente somos; pelo amor a nós mesmos; pela compreensão em relação à forma como aprendemos; pelo respeito ao nosso jeito de ser… E pelo pensamento positivo, que nos ajuda a descobrir, caso haja algum, o pensamento negativo a ele associado. Assim, podemos “dissolvê-lo”, aceitando-o e integrando-o positivamente (como aprendizado) em nós.

Isso traz poder. O poder de estar em paz consigo mesmo, ao instituir um cessar-fogo entre o pensamento positivo e o negativo. E, estando em paz consigo mesmo, o poder de avançar pela vida com menos medo e mais resultados.

Ansiedade e o conceito espaço-tempo

17/01/2009

 

Cada momento é único. Aproveite!

Cada momento é único. Aproveite!

 

Tudo é relativo, do ponto de vista de quem observa os acontecimentos.

Tudo tem seu tempo. Em linhas gerais, passado, presente e futuro.

Tudo acontece em um espaço que lhe é próprio, dentro e fora de nós, simultaneamente.

A teoria da relatividade,  desenvolvida pelo físico alemão Albert Einstein, sustenta a noção de que não há movimentos absolutos no universo, apenas relativos. Qualquer movimento é relativo a algum sistema de referência escolhido (para conveniência de quem está estudando o movimento). Sob essa perspectiva, o espaço e o tempo desaparecem como entidades independentes e são substituídos pelo conceito espaço-tempo.

Onde está o observador – nós mesmos – está o nosso espaço. E o tempo que temos à disposição é este momento, o presente, o agora.

Existe ansiedade quando nos deslocamos mentalmente para o passado ou para o futuro e deixamos de preencher nosso espaço no presente com energia e atenção.

Pode ser surpreendente descobrir se vivemos de fato o momento presente.

Observe-se. Quanto da angústia, do desconforto, dos receios que porventura esteja vivenciando têm relação com este momento? Mais provável que tenham relação com fatos passados ou com preocupações a respeito do futuro.

E como não se pode voltar ao passado ou alcançar o futuro neste momento, vem a ansiedade, na forma de uma angustiosa sensação de pressa; de impotência; de sofrimento constante; de nervosismo; de exasperação; de desespero; de uma ou mais noites de insônia…

Quando você se conecta com o momento que efetivamente está vivendo, o passado perde a força e o futuro, a inevitabilidade. Ao concentrar sua energia no agora, você conquista poder para direcionar sua vida da forma que considerar mais adequada.

Respire fundo e concentre-se no momento que está vivendo. Observe-se.

Acalme sua mente e coloque sua atenção neste momento. Onde você está. Como são as coisas à sua volta. E você:  seu nível de relaxamento; seus gestos; suas sensações – de conforto, calor, frio; sua percepção quanto à luminosidade que entra pela janela, à água que escorre sobre suas mãos, de como você respira, à forma como anda – a força que coloca em cada passada, à tepidez do contato de sua mão sobre o seu braço…

Essa experiência vai ajudá-lo a se conectar com o presente. Pode ser que a sensação de tranquilidade decorrente, que vai lhe dar uma visão geral mais otimista sobre sua vida, não dure muito. Mas se valeu a pena fazer o contato, repita a experiência sempre que seus pensamentos insistirem em voar para o futuro ou ficarem tentados a mergulhar no passado.

Principalmente, surpreenda-se com as muitas descobertas em relação à riqueza que existe em seu presente.

Wall-E e a civilização

12/01/2009

 

Wall-E e o carinho pelos simbolos de nossa civilização.

Carinho pelos frutos da engenhosidade humana

Evolução? Não há como negar.

Estou aqui, frente à uma tela de computador, redigindo um blog, que vai ser lido por não sei quantas pessoas. Estou aqui, em conexão com o mundo, e apenas preciso digitar palavras soltas ou inter-relacionadas em um teclado. Se quero fotos, basta buscar. Se quero sons, basta “baixar”. Se quero imagens em movimento, deve haver um meio de obtê-las. Sempre há. Se quero pagar uma conta, vou ao banco sem sair da minha cadeira. Se quero mandar mensagens, os Correios ficam em frente, mas não preciso ir até lá, mando um e-mail. Se quero notícias, diversão, bate-papo, é só fazer a conexão. Com Londrina, Paraná, Brasil? Com a China? Com o Japão? Não sei a língua, mas há tradução automática e mesmo um mau inglês pode ser uma boa solução.

Rádio, tevê, cinema, nada passou. Ao contrário, todas as mídias evoluíram, de um jeito ou de outro. Mas nada são sem o computador, o mundo virtual, o reinado da tecnologia quântica, para o qual migraram ou tendem a migrar, gostem ou não. Tudo está aqui, à mão, à distância de um toque. Podemos nos expressar individualmente, em grupo, em fórum. Dar nossa opinião. Tornarmo-nos celebridades e nem tão efêmeras assim. Quem sabe não estamos naquele vídeo mais acessado? Ou filmamos aquela cena ou fotografamos aquela imagem, ambas – cena e imagem – que vão nos tornar conhecidos no mundo virtual ou real, quem se importa? Tivemos uma ideia. Ela rende. Então, acabamos virando os mais novos milionários do planeta. Consumimos mais, poluimos mais, divertimo-nos mais… É isso?

A tecnologia é fascinante. Confortável, libertadora e inesgotável. Mas será que tem direção? Ou melhor, será que ela precisa de direção? De princípios, talvez? Quem sabe, não precise de nada e eu é que estou procurando a saída de emergência, quando não há a menor necessidade de algum escape. Só que o homem – por trás dessas máquinas cada vez mais fantásticas – continua em guerra, consigo mesmo e com o outro. E infeliz, na maior parte do tempo. Isso é tudo o que conseguimos?

Interessante, para reflexão, assistir a animação Wall-E, uma produção da Pixar (Disney), com roteiro e direção de Andrew Stanton. A história é sobre evolução tecnológica e poluição. Enquanto os humanos escapam de um mundo tornado inabitável por causa do lixo acumulado, embarcando em um cruzeiro de longuíssima duração pelo universo, Wall-E, um dos robôs encarregados da limpeza do planeta, vai ficando e acaba se tornando o último representante na Terra de nossa civilização. E se sai muito bem. Não só cuida de si mesmo, mantendo-se ativo pelo autoconserto e pela exposição regular ao sol (para recarregar a bateria), como, ao realizar o seu humilde trabalho, demonstra carinho por tudo o que encontra, seja uma lâmpada, um cubo mágico, uma planta. A receita de Wall-E é bem simples: respeito. Respeito pelo que somos, pelo outro, pelo planeta… Será que nossa evolução não anda precisando desse estímulo?